sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Historiador Bruno Caldeira: "Um preconceito calado, que mata agora de dentro para fora"


Por Bruno Ramos Caldeira

As raízes negras fincadas e entranhadas em nossa sociedade, com uma indiscutível ascensão nacional, nos revelam que o tempo minimizou o sofrimento deste povo. Os chicotes, as amarras, os grilhões, a angústia da separação de sua prole, trabalhos forçados, Príncipes e Princesas, Lords africanos sendo tratados como uma mercadoria, digna até de seu tráfico.
Estas famigeradas situações no século XXI foram substituídas pelo desemprego, salários baixos, rejeição sócio-econômica e o pior tipo de preconceito, "aquele que não se verbaliza", pois a revolta e ou manifestações não podem dar início, se não há o que combater. Um preconceito calado, que mata agora de dentro para fora.
O Dia Nacional da Consciência Negra é uma data festiva, mais um feriado para alguns. Para outros tantos uma esperança do cumprimento de direitos, de igualdade, de oportunidades, de ser o que realmente somos, NEGROS.
A verdadeira identidade se cumpre quando olhamos para traz e identificamos de onde viemos, de quem somos, de qual trajetória fomos feitos. Há uma necessidade do auto-conhecimento, descobrir as riquezas deste povo tão sofrido, mas por consequência tão guerreiro. Povo este que carregou o Brasil Colônia em seus lombos, sendo responsável por aquecer a economia do Império Português, do clero católico à nobreza. Povo que participou de todas as fases econômicas: do Pau-Brasil ao engenho, do café ao algodão.
Exaltemos as orígens africanas e referendamos a unidade de luta pela liberdade de informação e manifestações vigentes. Que haja o crescimento da cidadania para os afro-descendentes condenando, veementemente, a discriminação e o preconceito racial.
Nomes como Luíza Mahin, Ganga Zumba e vários outros homens e mulheres negros se rebelaram a um sistema de opressão como as prisões física e de pensamento.
Como diz Caetano Veloso:
" Que noite mais funda... Num porão de um navio negreiro
 Que viagem mais longa... ouvindo o batuque das ondas compasso,
 Num coração de pássaro no fundo do cativeiro"
Que este sofrimento seja exemplo de superação, fé de que tudo irá melhorar.
Viva o povo negro!


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