03/01/2013 - 14h59
Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A chuvarada que desabou sobre Xerém, distrito de Duque
de Caxias, na Baixada Fluminense, provocou uma morte, levou muita
destruição e deixou centenas de pessoas desabrigadas. O temporal começou
por volta das 2h da madrugada de hoje (3) e fez os rios e córregos da
região subirem rapidamente. Grande número de moradores deixou as casas
praticamente só com a roupa do corpo. A força da correnteza arrastou
casas inteiras, deixou carros empilhados e destruiu quatro pontes.
O motorista Severino Ribeiro Pinheiro conseguiu retirar um de seus
veículos do pátio, mas viu os outros dois serem tragados pela força do
córrego que passa atrás de sua casa. “Começou a chover forte de
madrugada. Consegui salvar minha família, mas não deu para pegar nem os
documentos”, lamentou ele, em cima de um amontoado de cinco carros.
O vizinho Silvio Mauro, que trabalha como ajudante de cozinha, só teve
tempo de retirar a avó e as irmãs de casa, antes que o pacato riacho se
transformasse em um rio caudaloso e invadisse tudo, levando todos os
seus pertences. “Eu estava dormindo quando ouvi o pessoal bater no
portão. Aí começou uma correria, não deu para salvar nada. É só
prejuízo”, comentou ele, enquanto procurava dentro da sala por alguma
coisa que servisse do imóvel, que ficou com água até o teto.
O pintor automotivo Renato Ribeiro deu mais sorte, pois sua residência
fica em local mais alto. Ele acordou de madrugada e ajudou a salvar
dezenas de vizinhos, que não conseguiam sair das casas, por causa da
força da água. “Ouvi um barulho muito forte, como se fosse uma
avalanche, e depois o pessoal começou a gritar por socorro”, relatou
Ribeiro.
O aposentado Virgílio Dias Pereira também perdeu tudo, exceto o
automóvel, que conseguiu retirar antes de o rio invadir o imóvel.
“Chamei minha esposa e corremos com os filhos e os netos para fora. Eu
moro aqui faz 30 anos e nunca tinha visto nada igual”, disse Pereira.
Parte
dos desabrigados foi acolhida em igrejas da região. A pastora
Esmeraldina Quaresma abriu as portas para oferecer abrigo, alimento e
roupas secas aos vizinhos. “A igreja vai ficar com as portas abertas
enquanto for preciso. É muito triste”, lamentou ela. Entre os abrigados
na igreja, estava o casal de aposentados Gilmar e Edna da Silva. Ela
ficou ferida e conseguiu escapar por pouco, quando a parede de casa
desabou prensando seu corpo.
A água também destruiu completamente a casa de Lucimar do Nascimento,
que havia se mudado há pouco mais de três meses para um imóvel na margem
do rio, sem saber que ali era uma área de risco. Enquanto ela e o
marido limpavam a lama, tiveram uma surpresa: encontraram diversos
peixes na sala, que foram recolhidos em uma bacia e agora vão servir de
alimento para a família.
Edição: Beto Coura
Fonte: Agência Brasil
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