segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Não quero ser repórter

Por Nicolas David em 21/08/2012 na edição 708


Uma centelha de gente já saiu desta página pensando que leria um texto para jornalistas. Eles não estavam errados. A tônica é essa, mas entendo que deveriam ter ficado, pois vou contar um “causo” de bastidor da redação. É isso o que tenho para fisgar os não-jornalistas que, agora, são meus ex-leitores.
Aos que ficaram, uma confidência: não quero ser repórter! A primeira vez que eu disse isso foi na universidade. Diante da insensatez cometida, a professora respondeu o esperado: “Os melhores editores foram bons repórteres.” Retruquei: “Entendo que o jornal perde um excelente repórter e ganha um editor nem tão qualificado para a função.” A reação da professora foi idêntica à dos colegas da redação para quem já contei meu projeto de carreira. São uns jornalistas com quem costumo trocar ideias e de quem ouço incessantes e sinceras lamúrias, se é que o paradoxo é possível.
Por força da carreira, devo passar pela reportagem. Essa fase não será tão prazerosa como a sonhada edição. E a culpa é dos meus olhos e da minha percepção. Escolhi o jornalismo por acreditar que realizaria grandes viagens, conheceria histórias bonitas de se contar, mudaria a história da política com uma excelente descoberta ou, jornalisticamente abordando, com um furo de reportagem, mas... Esse era o sonho. Entretanto, qual repórter, desta nova geração a que pertenço, tem reais condições de vislumbrar tantos sucessos na carreira? Os malucos, os românticos. Eu, não. Eu sonho com a edição. Ainda pretendo participar da construção da notícia, mas em outras etapas. Na pré-notícia e na notícia pronta. O resto é com o repórter. Continue lendo

[Nicolas David é estudante de Jornalismo, Florianópolis, SC]

Fonte: Observatório da Imprensa  www.observatoriodaimprensa.com.br

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